Agora voltado à música, espaço que tem a maior obra de Di Cavalcanti na cidade passou por restauro de R$ 150 milhões
Teatro Cultura Artística reabre em SP após 16 anos
Na madrugada de 17 de agosto de 2008, os moradores do bairro paulistano da Consolação, na proximidade do número 196 da Rua Nestor Pestana, assistiram a um icônico espaço da cidade — o Teatro Cultura Artística, inaugurado em 1950 — arder em chamas. Com o incidente, cuja causa nunca foi confirmada, o imóvel ficou praticamente destruído. Salvaram-se, pela astúcia de um segurança que fechou uma porta corta-fogo, os foyers do térreo e o arquivo histórico. Graças à parede dupla na fachada, também restou em pé o monumental painel do modernista Di Cavalcanti (1897-1976), que adorna até hoje a entrada do endereço. Passados 16 anos da tragédia e após uma reforma de R$ 150 milhões, o teatro será reaberto hoje, totalmente repaginado.
— Nosso maior desafio foi sem dúvida captar recursos. O Cultura Artística é um teatro totalmente privado (ligado à centenária Sociedade Cultura Artística), portanto, toda a reconstrução foi feita com doações e uso de leis de incentivo. Tivemos mais de 800 doadores — diz o diretor-executivo Frederico Lohmann.
![Teatro Cultura Artística Volta ao cenário paulistano.](https://static.wixstatic.com/media/4b0819_fa98deb07de84ced863a7f3972875195~mv2.jpg/v1/fill/w_900,h_622,al_c,q_85,enc_auto/4b0819_fa98deb07de84ced863a7f3972875195~mv2.jpg)
O Cultura Artística volta à cena paulistana sem as centenas de sessões de teatro que costumava receber até 2008. Agora, o ponto cultural será dedicado somente à música, em apresentações intimistas, um nicho ainda pouco explorado na cidade. Neste primeiro ano, deve ocupar-se especialmente das composições clássicas, segmento que sempre fez parte do repertório local. Terá apresentações que demandam até 60 músicos por vez, a capacidade total do palco. A partir de 2025, porém, é esperado que o endereço receba também agendas ligadas à MPB, à música eletrônica e ao jazz.
Os quatro concertos de abertura ao público ficarão a cargo da Câmara Filarmônica Alemã de Bremen. Os ingressos estão totalmente esgotados, mas a casa trabalhará, nas próximas agendas, com cotas de ingressos a preços populares e a possibilidade de comprar tíquetes remanescentes de última hora por R$ 20. Além, claro, das entradas a preços regulares.
— Uma referência importante para nós foi Carnegie Hall (em Nova York), que tem também um trabalho de formação muito relevante— afirma Frederico.
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